Ouro Preto vai ficar sem o tradicional Festival de Inverno em 2020. A decisão veio em virtude da pandemia do novo coronavírus e da consequente paralisação de atividades presenciais da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), que organiza o evento desde 2005. A reitora Cláudia Marliére, o pró-reitor de Extensão, Marcos Knupp, e a pró-reitora adjunta de Extensão, Gabriela de Lima Gomes, participaram de uma coletiva de imprensa na manhã desta sexta (22) para fazer o anúncio.
A decisão de interromper o Festival de Inverno de Ouro Preto, Mariana e João Monlevade, que chegaria à 53ª edição neste ano, foi muito difícil, como destaca o pró-reitor de Extensão, Marcos Knupp. "Obviamente não seria possível a realização de um Festival de Inverno nos moldes como ele é atualmente", disse Knupp, lembrando que evento "acontece na rua, com aglomeração de pessoas, com interação entre essas pessoas. Nós sabemos da importância desse evento para essas cidades onde ele acontece".
O pró-reitor destacou também a importância da movimentação econômica e cultural para a região, assim como para os grupos artísticos locais. Segundo ele, os prejuízos serão grandes e a decisão "é muito pesada, mas nós estamos preservando vidas com essa atitude". Tradicionalmente, o evento inclui atividades nas três cidades onde há campus da UFOP. Desde 2019 o nome do Festival inclui, além de Mariana e Ouro Preto, o município de João Monlevade.
A preparação para esta edição do Festival começou no ano passado, em agosto, logo após a finalização da 52ª edição. Em 2020, com o tema "Paisagens Residuais", o evento comemoraria o tricentenário da sedição de Vila Rica, quando Filipe dos Santos se revoltou contra a cobrança de impostos pela Coroa portuguesa e foi condenado à morte. Após a revolta, as casas dos participantes do movimento foram demolidas e queimadas, dando origem ao Morro da Queimada, hoje um sítio arqueológico, para o qual o Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais (IHGMG) pediu tombamento.
MOSTRA MULTI - Na mesma coletiva foi anunciado outro evento, que vem sendo preparado pela Pró-Reitoria de Extensão (Proex) e pela Coordenadoria de Comunicação Institucional (CCI): a I Mostra Multi. A reitora Cláudia Marliére destaca que "a proposta não é substituta ao Festival de Inverno, mas é uma proposta viável dentro da nossa realidade".
Segundo a pró-reitora adjunta de Extensão, Gabriela de Lima Gomes, a intenção do evento é suavizar o confinamento dos dois últimos meses. "A gente tem percebido que muitas atividades são possíveis de serem apresentadas virtualmente. E é sabido também que a arte tem sido uma ferramenta necessária para amenizar um pouco desse sofrimento e dessa condição que a gente está vivendo. Essa é mais uma forma de a UFOP contribuir com a arte e com a cultura que ela produz".
O evento adota a ideia de "Interações" como eixo temático para propor um espaço virtual de criação e produção de obras artísticas e eventos culturais. A mostra busca reunir trabalhos elaborados principalmente pela comunidade acadêmica da UFOP, embora artistas, palestrantes e debatedores sem vínculo com a UFOP possam participar voluntariamente.
A Mostra está em processo de desenvolvimento pelas equipes. As informações sobre a programação e sobre como assistir às apresentações serão divulgadas em breve.