Saúde

17/04/2020 Diretor da Opas defende unificar leitos privados e do SUS em pandemia

A unificação da oferta e do acesso a leitos públicos e privados é necessária para enfrentar a pandemia do novo coronavírus, disse ontem (16) o diretor-adjunto da Organização Panamericana de Saúde (Opas), braço da Organização Mundial da Saúde nas Américas, Jarbas Barbosa. Segundo ele, o Brasil tem meios para fazer com que pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) usem leitos da rede privada, em caso de escassez na rede pública.

Para o diretor, o acesso ao tratamento da covid-19 não deve ser definido com base na capacidade de quem pode pagar pelo atendimento. Ele apontou que o Brasil tem oferta maior de leitos na rede privada do que na rede pública. Segundo Barbosa, que já foi secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde e diretor presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o SUS deve ser usado para igualar a oferta de leitos para os pacientes sem plano de saúde.

Medidas
O diretor da Opas falou em seminário virtual promovido pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). Ele enfatizou que nenhum país estava pronto para enfrentar a pior crise de saúde publica da história recente da humanidade. “Se olharmos a saúde pública nos últimos 100 anos, nunca tivemos um cenário como esse. Nenhum dos países atingidos encontrava-se preparado para a pandemia”, declarou.

As ações na área de saúde, acrescentou Barbosa, devem ser complementadas com medidas econômicas e sociais. Principalmente no caso de governantes retomarem o isolamento social em eentuais novas ondas da doença. “As medidas que vários países estão adotando de apoio econômico serão essenciais, pois o impacto será grande”, disse. “A economia, nós podemos recuperar e tomar medidas de contenção. Para quem perde a vida não tem volta, não tem como recuperar.”

América Latina
O diretor da Opas citou a cidade equatoriana de Guaiaquil como um exemplo do que pode ocorrer quando o sistema de saúde não se prepara para a pandemia. Centro da covid-19 no Equador, a cidade litorânea, a segunda maior do país, enfrenta uma crise não apenas nos sistemas médico e funerário, com corpos amontoando-se nas ruas porque o governo não os consegue enterrar. “Preparar é fundamental, em Guaiaquil foi um tsunami. Se não preparar deixamos de salvar vidas que podiam ser salvas”, afirmou.

Barbosa também pediu maior cooperação entre os países, principalmente para ajudar governos pobres, como o do Haiti. “O momento é de mobilizar a comunidade internacional para a solidariedade. E solidariedade tem nome: acesso equitativo. O Haiti tem 2 milhões de habitantes e apenas 34 respiradores. Não podemos deixar passar isso”, destacou.

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