A ideia de criar a maquininha Dízimo Fiel nasceu da percepção de que era preciso melhorar a organização financeira das igrejas. Seus criadores faziam trabalhos voluntários em eventos católicos na pequena cidade de Dois Vizinhos (PR) e perceberam que pequenas tarefas, como fechar o caixa, eram muito complicadas.
“Era tudo manual, por meio de fichas impressas em gráficas. Era um processo moroso, inseguro e que dificultava a organização. Desenvolvemos então uma solução que rodava na maquininha para automatizar caixas de eventos, como quermesses e foi muito bem aceito”, diz Marcos Leandro Nonemacher, cofundador da Dízimo Fiel.
O padre Deoclézio Wigineski, da igreja Santo Antonio de Pádua, diz que a utilização do sistema informatizado melhorou a organização financeira da paróquia. “Foi uma maravilha, veio para facilitar. Temos sete caixas vendendo produtos, a pessoa vai lá, pede o que quer, tira seu tíquete e vai lá na barraquinha buscar. Não precisa mais de ficha. No final, em menos de meia hora, conseguimos saber com exatidão quantos pastéis, espetinhos, maças do amor, polentas foram vendidos.”
O passo seguinte da startup foi lançar a maquininha de recebimento de dízimo, em maio deste ano. O equipamento recebe contribuições em cartões de débito, crédito e dinheiro. Diferentemente de uma máquina tradicional, a da Dízimo Fiel consegue armazenar informações com os dados dos fiéis que fizeram contribuições e imprimir relatórios.
“É possível fazer recebimento adotando os mesmos valores de transparência, segurança, imprimir um recibo personalizado. Fica registrado para fins de Fisco, o que facilita a rastreabilidade”, afirma Nonemacher.
Os criadores da Dízimo Fiel se surpreenderam com algumas críticas que receberam após o lançamento da maquininha. “Projetamos uma solução disruptiva e tudo que é disruptivo gera mudança cultural. Tem gente a favor e outras contrárias. A própria moeda tende ser digital e a igreja precisa se adequar às mudanças”, afirma o cofundador.
Hoje, as maquininhas da Dízimo Fiel estão instaladas em igrejas de 12 Estados, incluindo não-católicas. A empresa cobra aluguel pelo uso da máquina, mas não revela o valor. Segundo seus diretores, o valor é compatível com o mercado – algo entre 100 reais e 150 reais.
“Nossa solução se diferencia de máquina tradicional. A tradicional não tem possibilidade de ter registro personalizado, não acompanha o histórico das devoluções (pagamentos), não permite fazer em dinheiro. A comunidade passa a ter controle das contribuições”, diz Nonemaher.
Para o padre Wigineski, um dos primeiros a adotar a maquininha, o equipamento deu mais transparência ao recebimento. “No sistema manual, havia um carnê. A gente destacava a folha e entregava para o fiel. Agora ficou mais fácil fazer o controle, ajuda na evangelização e facilita a comunicação com o povo da igreja.”
Segundo ele, no final do mês a máquina imprime relatórios informando quantas pessoas contribuíram, qual o valor arrecadado com o dízimo.
De acordo com o padre, as doações do dízimo não costumam ocorrer no meio da missa. As cestas que recebem doações durante a missa recebem outro tipo de contribuição, a oferta, que a pessoa faz quando pode. Já o dízimo é um compromisso assumido mensalmente.
“É uma doação espontânea, é dar com alegria”, afirma o padre. (Veja.com)