As ações de reparação dos prejuízos causados pela tragédia com a barragem da mineradora Samarco deverão gerar, nas cidades afetadas de Minas Gerais e do Espírito Santo, cerca de 6 mil novos empregos até 2020. Esta é a estimativa feita a partir de um levantamento realizado ao longo da bacia do Rio Doce, onde a Fundação Renova traçou o perfil, as vocações e as potencialidades econômicas de cada município, desde Mariana (MG) até Regência (ES).
Levando em conta toda a rede de fornecedores a ser mobilizada, as oportunidades seriam ainda maiores. Além dos 6 mil empregos diretos criados para as ações de reparação, estima-se que, indiretamente, outros 9 mil postos de trabalho sejam gerados. O pico das contratações é previsto para ocorrer no segundo semestre de 2018 e no primeiro semestre de 2019.
A tragédia de Mariana ocorreu em 5 de novembro de 2015, quando o rompimento na barragem de Fundão, pertencente à mineradora Samarco, liberou no ambiente mais de 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos. Além de devastar a vegetação nativa, a lama poluiu a bacia do Rio Doce, destruiu comunidades e provocou a morte de 19 pessoas. Desde então, a Samarco está com suas atividades paralisadas e não possui no momento previsão de retomada dos trabalhos, após negociação com uma prefeitura ser judicializada. O episódio é considerado a maior tragédia ambiental do país.
A Fundação Renova, responsável pela gestão das ações de reparação dos danos, é mantida com recursos fornecidos pela Samarco e por suas acionistas Vale e BHP Billinton. Sua criação foi definida em acordo firmado entre as mineradoras, o governo federal e os governos de Minas Gerais e do Espírito Santo, no qual se estimou um investimento da ordem de R$ 20 bilhões ao longo de 15 anos para a reparação dos danos.
Entre os compromissos previstos nesse acordo está o de garantir que 70% da mão de obra usada nas ações previstas sejam formados por pessoas da própria região, de forma a contribuir com a recuperação econômica dos municípios. Segundo a Fundação Renova, deverão ser investidos nas cidades aproximadamente R$ 3,5 bilhões até 2020, o que propiciará o desenvolvimento local e o surgimento de novas oportunidades de negócios. Esse valor se refere aos gastos com ações de reassentamento, recuperação de nascentes, manejo de rejeitos, reflorestamento e tratamento de água e esgoto.
Mudas
Um dos setores que poderão ser alavancados com as ações de reparação dos danos da tragédia é o de produção de mudas. Em toda a bacia do Rio Doce, a Fundação Renova pode ter que reflorestar uma área superior a 40 mil hectares. Para tanto, já está sendo realizado um mapeamento dos viveiros. Inicialmente estão sendo reunidos dados como as localizações de cada um, tempo de atuação e listas das espécies produzidas. Em um segundo momento, os viveiristas serão entrevistados sobre sua capacidade produtiva e detalhes técnicos.
O trabalho de reflorestamento deverá exigir a aquisição de até 20 milhões de mudas nativas, sobretudo da mata atlântica, o que tem um custo estimado de R$ 50 milhões. A Fundação Renova espera que o envolvimento dos viveiros locais neste processo contribua para criar uma nova vocação econômica na região e estruturar uma cadeia produtiva do reflorestamento, que pode se manter sustentável e atender a uma variada gama de clientes que vão desde pequenos agricultores rurais até grandes empresas. São previstos investimentos para capacitar os trabalhadores do setor, melhorar as instalações físicas dos viveiros, promover o alinhamento à legislação de produção de mudas e identificar as sementes nativas.