Polícia Civil procura mais três bandidos suspeitos de integrar quadrilha
Policiais mineiros estão à procura de pelo menos três acusados de pertencer à quadrilha que tentou assaltar na madrugada de anteontem uma agência do Banco do Brasil no Centro de Mato Verde, no Norte de Minas. Os planos foram frustrados por cerco montado pela Polícia Civil, em ação que mobilizou pelo menos 40 agentes e resultou nas mortes de sete acusados de integrar o bando, deixando um oitavo ferido com quatro tiros. Com ramificações também na Bahia e no Paraná, o bando tinha seu núcleo em São Paulo, de acordo com o delegado-geral João Otacílio da Silva Neto.
Segundo o delegado mineiro, o grupo criminoso vinha sendo investigado e monitorado pelas polícias de Minas e do Paraná havia seis meses. Ele afirma que o bando se sofisticou de tal maneira que não se limitava a explodir caixas eletrônicos, como a maioria das quadrilhas: também invadia os prédios e explodia o caixa-forte das agências. Em Mato Verde, os assaltantes, segundo a polícia fortemente armados, foram surprendidos pelo aparato montado previamente pelos agentes, com quem trocaram tiros.
Conforme o delegado Renato Nunes Henriques, chefe do 11º Departamento de Polícia Civil de Montes Claros, que comandou a operação, a quadrilha foi responsável por ataques recentes a agências em outras cidades do Norte de Minas, como Monte Azul, São João do Paraíso e Montezuma. Ao monitorar as ações dos criminosos, a corporação descobriu o plano de um novo aassalto ao Banco do Brasil de Mato Verde e preparou a ação surpresa, envolvendo quatro dezenas de policias de Montes Claros e Janaúba.
Como estratégia, os agentes ocuparam quartos em um hotel em frente à agência bancária. Atiradores de elite se posicionaram nas janelas de apartamentos no segundo e no terceiro pavimentos do prédio e alguns policiais se abrigaram atrás do muro de uma escola, também em frente à instituição financeira.
De acordo com o Renato Henriques, às 3h os ciminosos chegaram diante da agência bancária em uma caminhonete S-10 prata – na cabine e na carroceria do veículo, armados com com fuzis, metralhadoras, carabinas e pistolas. Ainda conforme o relato do delegado, foi dada voz de prisão aos criminosos, que reagiram, fazendo disparos que acertaram a parede do hotel. A troca de tiros durou cerca de cinco minutos. “Como estávamos em vantagem numérica e contávamos com o fator surpresa, alcançamos um bom resultado na ação”, afirma o delegado.
Protegidos pelas paredes do hotel e atrás do muro, os agentes não ficaram feridos. Oito acusados foram alvejados e sete deles morreram. O único a sobreviver foi identificado como Wellington Goularte Aguiar, atingido por quatro tiros, nas duas pernas, na virilha e no braço esquerdo. Ele foi socorrido e levado para o Hospital Regional de Janaúba, onde permanece sob escolta. Wellington é natural de Monte Azul, distante 40 quilometros de Mato Verde, mas estaria morando em São Paulo.
Os corpos dos demais alvejados durante a ação também foram encaminhados a Janaúba. Seis dos sete mortos foram identificados e tiveram os nomes divulgados pela Polícia Civil: Reginaldo Vieira Carneiro, Carlos Alexandre de Sá, Leandro de Oliveira Figueiredo, Rafael Duarte Silva, Márcio dos Santos Silva e Sidney Brito Rodrigues. Suspeita-se que os três homens que continuam a ser procurados davam suporte aos assaltantes que agiam na linha de frente.
Memória
Choque em Itamonte acabou com 10 mortos
O cerco em Mato Verde, no Norte de Minas, não foi o primeiro enfrentamento entre policiais e bandos de assalto a banco a resultar em múltiplas mortes em Minas Gerais. Há cerca de dois anos, em Itamonte, no Sul do estado, ação conjunta entre agentes mineiros e paulistas, com apoio da Polícia Rodoviária Federal, resultou em nove suspeitos mortos, além de um inocente – o professor Silmar Júnior Madeira, morador da cidade que havia sido feito refém e era obrigado a dirigir para os assaltantes.
O enfrentamento ocorreu em 22 de fevereiro, quando um grupo apontado como responsável por ataques a caixas eletrônicos em pelo menos 10 cidades paulistas invadiu o município do Sul mineiro. A quadrilha vinha sendo monitorada pelos policiais, que montaram um forte aparato e trocaram tiros com criminosos que invadiam a cidade. Durante o primeiro enfrentamento, nove pessoas morreram, entre elas o professor. No cerco que se seguiu por dias na região, houve pelo menos seis prisões e mais um acusado, que havia fugido fazendo um taxista refém, foi morto em operação policial. O episódio abalou a cidade, que cancelou os festejos de carnaval e trocou as comemorações por um feriado de apreensão, com reforço de vigilância nas ruas. (EM)