Fim de problemas para uns, início para outros
A entrega de 832 moradias em João Monlevade do programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida, prevista para o próximo mês é a realização do sonho da casa própria de muitos beneficiados. Fim de problemas para uns, início para outros. Se de um lado mais pessoas, em especial aquelas de baixa renda, ganharam condições à casa própria, na mesma proporção em que o déficit habitacional vem sendo reduzido, por outro lado a entrega das casas acende um alerta sobre as falhas da política habitacional do país, como a insistência na construção de casas em áreas isoladas da cidade. João Monlevade não é exceção dessa regra.
No município, para construção das casas, um novo bairro foi criado: o Planato. Terreno mais barato aos cofres públicos e longe do centro da cidade o que fatalmente faz com que os novos moradores fiquem precariamente servidos de transporte e segurança. Além disso, por conta dessa distância, a administração municipal terá novos e mais gastos para levar até à periferia a urbanização já implantada no resto da cidade.
Em uma coluna de opinião, publicada pelo jornal O Globo, o presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, Pedro da Luz Moreira, defende que os projetos habitacionais devem ser levados para áreas centrais. Mais perto do Centro e, sobretudo, do poder público, que tem que se fazer presente com segurança, transporte e outros serviços essenciais. Só assim o Minha Casa, Minha Vida vai ser não apenas um projeto habitacional, mas de efetiva inclusão social.
Investir em moradia não é apenas construir casas, mas, sobretudo assegurar que o benefício seja concedido a quem de fato precise de um local digno para residir com a família. É preciso oferecer infraestrutura, educação, saúde e dignidade. É inconcebível que o poder público se afaste após a entrega das chaves, abrindo espaço para todo tipo de mal-intencionados transformarem o sonho da casa própria em pesadelo.