Talles H. de Medeiros é professor da UFOP, apaixonado por corrida e triathlon. É bi-campeão brasileiro amador de duathlon e integra a seleção brasileira nos Mundiais de Duathlon
Recentemente, eu pensava o quanto era importante para mim, saber a dosagem dos estímulos físicos que eu precisava ter para absorver o máximo possível dos benefícios do meu treinamento e minimizar as possibilidades de lesões, mesmo sabendo que lesões possuem causas diversas. Apesar disso, é bem aceito que um treinamento bem dimensionado ajuda a manter-se um pouco mais distante das lesões e, consequentemente, proporcionando um melhor aproveitamento de um programa de treinamento.
Foi então que recebi um link sobre uma publicação de um site norte-americano tratando disso para os triatletas. Então percebi, o quanto eu estava perdendo do meu tempo por não escrever logo para os amigos corredores daqui. Até porque é isso que eu penso há tempos e aplico todos os dias!
Quando vejo corredores treinando cada vez mais e mais, acumulando em suas semanas mais e mais quilômetros, percebo a vontade enorme de melhorarem o seu desempenho, o que é bem lógico. Mas isso gera uma longa discussão sobre métodos de treinamento e eu não sou a pessoa mais apropriada para apresentar os argumentos técnicos para o assunto. A minha idéia é justificar a “vantagem” de se treinar menos, para ser mais sob o ponto de vista de um atleta amador que já passou por lesões e lida com a tênue linha de separação entre o desempenho e a lesão.
A quantidade de praticantes de corrida de rua que se lesiona ao buscar resultados melhores não é pequenas. Mesmo eu não apresentando dados coletados e analisados para ilustrar isso, é bem visível ao nosso redor! Eu, por exemplo, reparo muito o grupo de praticantes com quem convivo, aqueles com quem disputo as colocações nas provas de corrida de rua e nos duathlons. São poucos aqueles que passam uma temporada completa sem ter uma parada não programada, causada por algum tipo de lesão. Logo, mesmo àqueles que treinam menos, sem buscar o limite (volume ou intensidade) na maioria das sessões, estes costumam chegar prontos para uma prova conseguindo concluir toda a periodização planejada e pronto para dar o melhor.
Então o que eu faço para tentar manter-me o maior tempo possível nas ruas e longe das lesões, mesmo sabendo que há outros fatores causadores dessas paradas? Eu aplico a regra do “menos é mais” todos os dias! Sim, como isso é positivo?
A maioria de nós, a imensa maioria, é composta por corredores amadores. Sinto muito, mas não somos super-heróis! Não temos a corrida como uma atividade remunerada, ela é o nosso lazer! E logo, precisamos ter em mente que a continuidade é muitas vezes mais eficiente que os picos de desempenho por alguns curtos períodos. E há outros inúmeros fatores que caberiam no outro post para serem discutidos.
Então precisamos aprender a ouvir os sinais que nosso corpo emite para nos informar dos nossos limites. É o que eu faço a todo momento. Eu, como praticante de um esporte que envolve duas modalidades, uso muito o ciclismo como treino de rodagem contínua para preservar o corpo da atividade de maior impacto, a corrida, com base no meu histórico de lesão e mantenho o condicionamento aeróbico constantemente em atividade. É o ideal para um especialista em corrida? Não! Mas é o que me mantém e poderá manter muitos de nós em constante atividade por longos períodos.